domingo, 3 de abril de 2016

Para que isso? Eu não precisava quando comecei a pedalar!

Reclamações ou críticas são bem-vindas, desde que contribuam de maneira positiva, reclamar por reclamar (ou criticar) não tem necessidade nenhuma e não fará diferença, seria melhor ficar quieto (quem lê pensa que sou um cara arrogante, mas não sou rs). Inicio o texto dessa maneira porque vi em uma publicação de um site de bicicleta, o Vá de Bike, alguns comentários de ciclistas com a mente fechada ou com uma visão de pouco alcance diante de uma reportagem falando sobre a segurança que as ciclofaixas e ciclovias podem trazer aos pedestres e melhorar o campo de visão dos motoristas.

Me chamou atenção dois comentários, um reclamava que pedestres deveriam se tocar e ver que as ciclofaixas e ciclovias não são locais para eles e o outro, fora do contexto da reportagem, dizia não entender uma ciclofaixa que foi colocada em local de subida e que levava de nada a lugar nenhum, a pessoa completou dizendo que não era necessário aquela ciclofaixa já que ela pedalava ali antes mesmo dela existir.

Ao primeiro comentário, apesar de existir um decreto que regula a utilização de outros meios de transportes ativos (para ver  o decreto municipal na íntegra basta acessar o link http://www.capital.sp.gov.br/portal/noticia/5150), como patins, skate e cadeira de rodas nas ciclofaixas e ciclovias, o pedestre não foi incluído nele, mesmo assim não é razão para dizer que ali não é o lugar deles. Alguns motoristas ainda acham que bicicletas não podem circular nas vias, que ali é lugar apenas de veículos motorizados, quando na verdade as bicicletas devem circular nas vias e não nas calçadas, como alguns desses motoristas pensam. Quando vejo um comentário desse tipo me veem em mente a mudança do pensamento do motorista para o ciclista e ele se torna do ciclista para o pedestre.
Esquece do preconceito que muitos ciclistas sofreram e ainda sofrem por utilizar a bicicleta como meio de transporte, esquece também do princípio do maior proteger o menor no trânsito. Em junho (ou julho desse ano) vamos completar dois anos da iniciativa da criação de uma rede cicloviária na cidade, então a cultura da bicicleta não está enraizada na população. Muitos pedestres aproveitam o espaço para esperarem o semáforo abrir e esquecem que ali pode passar uma bicicleta a qualquer momento, da mesma forma que muitos ao atravessarem a rua quando o semáforo ainda está fechado para eles e os carros estão parados esquecem dos motociclistas nos corredores.

Ao meu ponto de vista não é problema um pedestre na ciclofaixa ou na ciclovia, basta utilizar seu sininho e alertar a sua aproximação, reduzindo sua velocidade, afinal de contas não pedalamos em velocidade alta (considero alta acima de 25 km/h) e, mesmo que estivesse, os freios de hoje são muito eficientes e dá tempo de frear com tranquilidade, ou falar um pouco alto "com licença" e agradecer depois, faz diferença um agradecimento em ambos os casos. Há o caso de trânsito parado para os carros e pedestres cortarem caminho entre eles e surgirem repentinamente na ciclofaixa/ciclovia, mas evitar uma colisão nessa situação é simples também, basta redobrar a atenção quando estiver em um cenário como esse e andar com as duas mãos nos freios.

As ciclovias e ciclofaixas devem ser um espaço democrático e de respeito entre os diferentes modos de transportes ativos.

O segundo comentário é o tipo de pessoa que acha que todos deveriam ser iguais a ela, ainda bem que não, esse mundo seria muito chato com pessoas iguais e se fossem como ela pior ainda! Eu também pedalava sem existir o tanto de ciclofaixas e ciclovias que existem hoje, agora que existem prefiro utilizá-las por ser um local de maior segurança para mim e demais ciclistas.

Aaah, mas é uma ciclofaixa em uma subida e ela não leva a nada!!! Aaaaah mas você já experimentou subir uma rua de bicicleta ao lado de veículos??? Pois bem, quando você diminui sua velocidade você precisa se equilibrar mais, faça o teste com uma roda fininha, jogue ela com força no chão, de maneira que a faça rolar (por favor né!) e vai ver que conforme sua velocidade diminui ela começa a cambalear mais. O princípio de andar de bicicleta é o mesmo, quando você diminui sua velocidade você tende a se equilibrar mais usando o jogo de corpo, ou seja, começa a distribuir o peso do seu corpo de um lado para o outro para tentar manter-se equilibrado em cima da bicicleta.

Na subida isso deixa o ciclista ainda mais vulnerável, porque além de diminuir sua velocidade ele ainda está fazendo uma força maior para continuar pedalando. Existem ciclistas que encaram ladeiras, mesmo em baixa velocidade (praticamente ao andar de um pedestre em nível plano), por isso é essencial ter ciclofaixas e ciclovias em locais de subidas também. Aaaaaaah, mas ela leva nada a lugar nenhum!!! Você por um acaso viu o plano da rede de expansão? Ele existe!!

Perto de onde moro, atualmente, foi construída uma ciclofaixa, ela começava em uma praça e terminava em uma avenida. Aparentemente, não levava a lugar algum, mas sua visão já começa a ser distorcida a partir do momento que diz não levar a lugar algum. Primeiro ela começa em um ponto e terminava em outro, seria de lugar algum se a ciclofaixa ficasse circulando pela praça (teríamos um circuito fechado para treinar :P). Segundo, ela ainda não estava completa, seriam implantados mais trechos e foi o que aconteceu. Hoje essa ciclovia liga de uma ponta do bairro até o Parque do Ibirapuera e recentemente ela se conectou com uma ciclofaixa que liga até a ciclovia da Av. Paulista.

Terceiro, já comentei em outra postagem isso mas vale a pena ressaltar, existem ciclofaixas que buscam induzir uma demanda. Existem pessoas que não usam a bicicleta com receio de dividir o espaço com os veículos motorizados e essa infraestrutura foi criada tanto para proteger aquele que já utiliza a bicicleta como meio de transporte como para incentivar os que ainda não se sentem seguros de pedalar em meio aos veículos. Temos que ter paciência, é claro que podemos questionar "essa ciclofaixa vai se conectar a algum trecho futuramente?" "se não, qual a razão dela existir ali?".

Enfim, analisar é parte fundamental de uma crítica construtiva, a análise crítica deve ir além da nossa visão, deve englobar diversas situações e não apenas utilizar experiências próprias, elas são partes importantes também porém devem ser complementadas. Do contrário continuaremos com pensamentos individuais com a construção da cidade do pensamento único!

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Quero uma bicicleta! Mas não tenho ideia de qual comprar...

Paulinho estou afim de começar a pedalar, mas eu não tenho ideia de qual bicicleta comprar, qual é a melhor? Oras, a melhor é a mais cara :P. Já ouvi e recebi muitas mensagens desse tipo, amigos querendo embarcar no mundo das magrelas, há muito tempo que estou para escrever algo sobre comprar uma bicicleta, algumas dicas para facilitar na hora da compra.

De antemão quero dizer, não tenho preconceito com as bicicletas vendidas em supermercados, com exceção da Caloi, mas algumas marcas vendidas podem te deixar na mão, são raras as bicicletas com peças de qualidade. Falo isso por experiência de amigos, me lembro de uma vez, anos atrás, em que um amigo ganhou uma bicicleta do pai dele, ele foi pedalar comigo e mais alguns amigos. Foi um dia desagradável para ele, depois de termos pedalado dez quilômetros uma peça chamada carrinho quebrou, ela é responsável por deixar o selim reto, com ele quebrado o selim não segurava e ficava baixando ou subindo, dependia de como ele distribuía o peso do seu corpo.

Conseguimos encontrar uma bicicletária aberta e compramos outro carrinho, ótimo continuamos a pedalar, mais alguns quilômetros o movimento central do pedal começou a "cambalear", cada pedalada fazia ele jogar o seu peso de um lado para o outro, perdia energia na pedalada e isso o deixava mais cansado pois fazia um maior esforço para se manter reto e tentar pedalar sem ficar jogando o peso do corpo de um lado para o outro. Paramos em um posto e conseguimos uma chave para apertar o movimento central, continua o pedal? Continua! Brasileiro não desiste nunca! Hahaha.

O que mais poderia acontecer? Ah, pode acontecer diversas situações, e aconteceram. A marcha da catraca (câmbio traseiro) travou na relação mais pesada, para quem estava iniciando é um grande esforço manter nessa marcha! Chegamos ao nosso destino, depois de pedalados 30 quilômetros, e o meu amigo iria pedalar mais 30 e uns belos quebrados, se fizesse todo o caminho ida e volta, iria chegar aos 70 quilômetros fácil. Mas ele sabia da situação em que estava, soube parar no momento certo e disse, "Paulinho, vou pegar o trem aqui para voltar, não dá para voltar com uma bicicleta assim!".

Dito essa história, talvez vocês possam repensar um pouco na hora de comprar uma bicicleta em supermercado. Alguém irá falar, "mas eu comprei uma e não deu problema!", pode acontecer sim, mas é bem raro isso! Prefiro evitar esse tipo de dor de cabeça e minha primeira dica é: saiba o quanto você pode gastar, a segunda; vá em uma bicicletária, melhor lugar para tirar dúvidas e achar uma bicicleta adequada para você.

Não quero ir em uma bicicletária, a maioria das bicicletas são caras! Prefiro comprar na internet! Beleza, vai comprar na internet, então o que devo procurar em uma bicicleta? Algo difícil na hora de comprar uma bicicleta na internet é achar uma bicicleta com o quadro compatível ao seu tamanho, siiiiiim o tamanho do quadro é importante, ou você que tem 1,80m de altura acha que uma bicicleta aro 24 ou quadro tamanho "18 (polegadas) é boa para você?? Nãaaaooooooo! Vai pedalar muito curvado, dependendo da geometria do quadro e se pedalar constantemente terás problemas nos dois joelhos!

Aqui vai uma tabela com relação da altura da pessoa com o tamanho do quadro da bicicleta.
Tabela da relação da altura da pessoa com o tamanho do quadro. Fonte: Tutto Bike.
A maioria das pessoas compram bicicletas MTB (mountain bike), por isso foquei nelas, percebam que para algumas alturas existem dois tamanhos de quadro. O que fará a diferença é a geometria do quadro, por exemplo tenho duas bicicletas, uma o quadro é 18 e a outra é 17. A quadro 18 não me deixa pedalar muito inclinado e a distância entre o meu tronco e o guidão permite que as minhas mãos fiquem em um ângulo reto, se você pegar uma bicicleta e ver que a sua mão não está reta, como se acelerasse uma moto, o tamanho do quadro não é adequado, o mesmo vale se você formar um ângulo oblíquo com os cotovelos. A bicicleta quadro 17 tem uma geometria diferente, o quadro não é totalmente reto e próximo ao canote do selim ela faz uma curvatura de caimento, desta maneira ela fica um pouco mais distante do guidão e ao pedalar tenho uma posição um pouco mais ereta.

Por isso é importante você saber o tamanho do quadro, muitas vezes as pessoas se sentem desconfortáveis porque não estão com o quadro de bicicleta adequada a sua altura. Bom, agora eu já tenho uma noção do tamanho do quadro e qual é o próximo passo? Componentes!!!

Quando se trata dos câmbios e trocadores de marcha eu prefiro as bicicletas com componentes da Shimano. Com relação ao câmbios você encontrará algumas variações de câmbios. Os mais simples terão terminações com números, por exemplo FD TZ 22. Já um câmbio acima desses com terminações numéricas é  o Shimano Tourney, depois dele vem Shimano Altus, em seguida vem o Shimano Acera e por fim Shimano Alivio. Existem componentes acima desses, são os componentes Shimano Deore, mas esses já são para quem busca alta performance e almeja mais do que pedalar no dia a dia, participar de competições ou se tiver bala na agulha, ter uma bicicleta com ótimos componentes para ter uma ótima pedalada!

Podem encontrar outro termo para câmbio dianteiro que é pedivela e para o traseiro o outro termo é cassete.

Você identifica fácil esses componentes na bicicleta, como verão nas fotos seguintes, a minha bicicleta da Sundown tem câmbio traseiro Alivio e câmbio dianteiro Acera.



Foto 01: câmbios traseiro e dianteiro, respectivamente. Fonte: prórpia, 2014.


Os trocadores de marcha da bicicleta normalmente estão associados com os componentes de marcha, no caso da minha bicicleta são trocadores do componente Alivio. O tipo de trocador é o Rapid-Fire, que é o trocador de alavanca, para se ter uma melhor ideia uma imagem desse tipo de trocador.

Foto 02: trocadores do tipo Rapid-Fire. Fonte: própria, 2014.

Esse é o trocador do lado direito e muda as marchas do câmbio traseiro, ao empurrar a alavanca de baixo a marcha fica mais leve, a alavanca de cima você não empurra dá um toque para trás para deixar uma marcha mais pesada. No lado esquerdo ocorre o contrário, a alavanca debaixo deixa mais pesado e a de cima a marcha mais leve. O outro tipo de trocador é o revo-shift, a sua troca é como acelerar uma moto, você torce o trocador pra cima ou para baixo para mudar as marchas, não gosto muito desses tipos de trocadores porque faz você uso da mão por completo, no rapid-fire você usa apenas um dedo para trocar.

Muito bem, com relação as marchas e seus trocadores vocês já tem uma ideia desse tipo de componente. Como viram, podem ter combinações desses componentes, no caso da minha bicicleta Alivio e Acera, mas podem ter bicicletas apenas com o kit FD TZ, Tourney, Altus, Acera e Alivio. Lógico que esses kits irão mudar o preço da bicicleta, desde 500 reais até 3000 reais, vai depender dos outros componentes da bicicleta.

Com o que escrevi, já seria suficiente para começarem a buscar uma bicicleta para iniciar no mundo do pedal. Não que os outros componentes não tenham importância, mas esses são os principais na bicicleta.

Mas também falarei da suspensão, prefiram bicicletas com suspensão dianteira, a suspensão traseira, que fica no quadro, atrapalha a pedalada. Você perde energia na hora de pedalar quando tem suspensão traseira. As marcas que recomendo de suspensão: rock shox, sr suntour e rst.

Beleza, isso já ajuda bastante, mas Paulinho como saber se uma bicicleta está num preço bom, com os componentes citados, por onde devo me basear?? Bem, agora vem a questão de experiência, porém para você que está iniciando a sua base será o preço das bicicletas da Caloi. No site da Caloi você pode ver as bicicletas e suas fichas técnicas e a partir dos modelos pesquisar pelos preços, o comum é o preço da Caloi ser igual em todas as bicicletárias, supermercados e lojas on-line. Com base no modelo com os componentes que você deseja, já poderá começar a pesquisar por bicicletas por aí.

Por fim, quais seriam as outras marcas? Depois da Caloi, que é a maior marca de bicicletas nacionais, vem a Soul Cycle, outra marca nacional, já ouvi dizer que a Soul Cycle é a antiga Sundown, suspeito disso porque a minha segunda bike é uma Soul e ela tem componentes bem parecidos com a minha Sundown, o que aumentou minha suspeita foi o cubo(rolamento) das rodas serem da marca Quando, mesmo cubo da Sundown, ótimos cubos, a bicicleta consegue desenvolver uma boa velocidade com eles.

Agora as marcas de fora, por não terem fabricação aqui, elas são caras, então não se surpreendam quando encontrarem uma Caloi com componentes semelhante ser mais barata do que elas. Das marcas que conheço e recomendo: Specialized (garantia de quadro vitalício), Merida, Scott, KHS, GTSM1, GT, Canadian, Alfameq e Fuji.

Há diversas marcas que não conheço, e algumas que estão surgindo, a marca Oxer, por exemplo, começou a produzir boas bicicletas. A marca Viking está relacionada mais com quadros, mas também está montando bicicletas com bons componentes. Agora sim! Podem começar a busca :). Boa pedalada!

Referências


Tutto Bike. Acessado através do link http://www.tuttobike.com.br/tabela em 03/02/2016.